Saturday, April 19, 2008

Correio Braziliense

ARAPONGAS
Abin investe mais em inteligência
Agência terá dois novos departamentos — um de ações contra-terrorismo — e a Corregedoria-Geral
Edson Luiz
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) começou a ser reestruturada, ganhando novas divisões e centralizando algumas ações. Entre as mudanças está a criação dos departamentos de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência e o de Contra-Terrorismo, além da Corregedoria-Geral, até então inexistente. Ontem, foram nomeados os titulares dos novos cargos, basicamente ocupados por funcionários de carreira da Abin. Com isso, depois de oito meses, a agência começou a ganhar o perfil do delegado Paulo Lacerda, que deixou a Polícia Federal para assumir a direção da instituição, em setembro do ano passado. A partir de agora, a Agência Brasileira de Inteligência terá sua estrutura dividida em duas. Na primeira, estão os órgãos que darão assistência direta ao diretor-geral. A segunda — os chamados órgãos singulares — concentra os departamentos de Inteligência Estratégica, de Contra-Inteligência, Contra-Terrorismo e de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbrain). Segundo a Abin, a reestruturação não ocasionou a criação de novos cargos. Apenas houve remanejamentos de algumas funções já existentes. Todas as operações serão concentradas, a partir de agora, no diretor-geral adjunto de ações de inteligência, José Milton Campana, que é servidor de carreira da Abin e que esteve na área militar. Na PF, Lacerda também centralizou esse tipo de trabalho com seu diretor-executivo, na época Zulmar Pimentel. Para a Corregedoria-Geral, função recém-criada, o diretor da Abin escolheu a delegada Maria do Socorro Tinoco, sua ex-chefe de gabinete na Polícia Federal. Uma das principais metas de Paulo Lacerda é desvincular a Abin da imagem deixada pelo extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), que atuava mais como um serviço político do que estratégico. “É preciso superar os estigmas do SNI”, afirma o diretor da agência, que pretende também reforçar a área dos chamados crimes modernos, onde estão relacionados o terrorismo, o que o levou a criar um departamento exclusivo para coletar informações sobre o tema. Escutas Lacerda pretende convencer o Congresso e alguns setores contrários dentro do governo a aprovar medidas que autorizem a Abin a fazer escutas telefônicas em casos de sabotagem, terrorismo e em áreas estratégicas. Isso seria um dos mecanismos para confrontar o que a área de informações chama de “fanatismo ideológico”, que seriam os grupos terroristas. O diretor da agência afirmou quinta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara, que os grampos seriam feitos com autorização judicial e acompanhamento do Ministério Público Federal. A Abin planeja e executa ações sigilosas para produzir relatórios que são encaminhados ao presidente, além de avaliar as ameaças internas e externas, mas não pode fazer investigações, o que poderá atrapalhar as intenções de Lacerda de a agência obter o direito de fazer escutas telefônicas. A seu favor tem a legislação de vários países e a criação da Corregedoria-Geral, que impediria e puniria os abusos. Contra, tem grande parte dos congressistas e a Polícia Federal, única com poder de investigação e de fazer uso de grampos telefônicos. A área de contra-terrorismo vai trabalhar mais na prevenção de ações e na obtenção de informações para o presidente da República. O sistema de integração de inteligência vai integrar as ações de planejamento e execução do Centro que está sendo montado na Abin, reunindo vários órgãos públicos. Todos trabalharão no mesmo espaço, na coleta de informações, e repassarão aos demais, caso haja interesse de disseminação coletiva.
Correio Braziliense

TERRORISMO GLOBAL
Quantidade de atentados disparou depois do 11/9
Relatório de consultores do governo dos EUA revela que 86% dos ataques registrados desde 1983 ocorreram após a ação da Al-Qaeda
Desde 2001, quando ocorreram os ataques ao World Trade Center, em Nova York, o número de atentados suicidas a bomba disparou em todo o mundo. Nos últimos sete anos, foram registrados 658 casos, sendo 542 no Iraque e no Afeganistão — países ocupados por tropas americanas. O levantamento de consultores do governo dos Estados Unidos, que traz o número de ataques com bomba nos últimos 25 anos, foi divulgado ontem no jornal The Washington Post. De acordo com o relatório, 86% das 1.840 explosões contabilizadas desde 1983 aconteceram a partir do início da chamada guerra contra o terror. Os atentados, em diversos países de todos os continentes, deixaram cerca de 21.350 mortos e 50 mil feridos. Não se sabe, no entanto, quantos militares morreram, ao todo, em ataques suicidas no Iraque e no Afeganistão. Esses dados não foram oficialmente divulgados, segundo o porta-voz das tropas americanas em Bagdá, Brad Leighton, pois “revelariam a eficiência da arma do inimigo”. Mas só nos 10 maiores atentados houve mais de 3.420 mortes entre norte-americanos. O levantamento mostra que integrantes de mais de 50 grupos terroristas em todo o mundo passaram a adaptar a “tecnologia” empregada em carros-bomba para preparar cintos, roupas, brinquedos, bicicletas e até falsas barrigas de gestante explosivas. “Cada vez mais, temos visto a globalização dos atentados a bomba. Eles não estão mais confinados às zonas de conflito, mas ocorrem em toda parte”, explicou ao Post o especialista Mohammed Hafez, autor do livro Homens-Bomba no Iraque, em que os classifica como “mártires sem fronteiras”. Poucos suicidas, no entanto, foram identificados até hoje. “Nós precisamos que o grupo terrorista faça uma reivindicação pública ou libere uma fita do martírio”, afirmou o professor da Georgetown University Bruce Hoffman, que escreveu a obra Inside Terrorism (Por dentro do terrorismo). “Mas se o homem-bomba nunca teve as impressões digitais recolhidas, ele ou ela normalmente ficam anônimos.” De acordo com o jornal americano, a divulgação dos números marca os 25 anos do atentado a bomba contra a embaixada dos Estados Unidos em Beirute, no Líbano, que deixou mais de 60 mortos e 100 feridos. Até hoje, os serviços de inteligência dos EUA não sabem a identidade do homem que invadiu o prédio consular com uma van carregada de explosivos. O ataque destruiu a fachada do edifício de sete andares e matou grande parte da equipe diplomática. Anos depois, o FBI, polícia federal norte-americana, culpou uma célula xiita, embrião do Hezbollah. A Casa Branca acredita que o atentado em Beirute teve apoio do Irã.
Correio Braziliense

VISITA A NOVA YORK
Na ONU, papa faz crítica velada à doutrina Bush
Bento XVI é aclamado na sede das Nações Unidas, onde fez discurso em defesa do multilateralismo e da solução diplomática de conflitos
O papa Bento XVI aproveitou a tribuna da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, para abordar temas de alcance global e dar dois recados sutis ao presidente George W. Bush: conflitos internacionais devem ser tratados preventivamente com diplomacia, não com a guerra; e o multilateralismo deve prevalecer, nas questões de ordem ética, sobre os interesses e posições de qualquer país em particular. O discurso, agendado para saudar o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, incluiu mais um ataque ao relativismo moral, confrontado a valores que a Igreja considera absolutos — como o respeito à vida. No quarto dia de visita aos Estados Unidos, o líder da Igreja católica foi aclamado pelos representantes dos 192 países -membros das Nações Unidas. Ele entrou no salão da Assembléia Geral seguido pelo secretário-geral da organização, o coreano Ban Ki-moon. Os aplausos iniciais se transformaram em uma ovação estrondosa quando a audiência inteira se levantou, à passagem do pontífice. Muitos aproveitaram para fotografar Bento XVI de perto, usando câmeras ou telefones celulares. Igualmente calorosa foi a recepção dada ao pontífice, depois, em um encontro à parte com funcionários da ONU. “Não importa se adoramos a um único Deus, a muitos ou a nenhum, todos nós nas Nações Unidas temos que revigorar a nossa fé diariamente”, saudou Ban Ki-moon na apresentação do visitante. “Precisamos muito dessa preciosa commodity — a fé — e sou profundamente grato a sua santidade por depositar um pouco de sua fé em nós”, completou. Soberania relativa Bento XVI, catedrático de teologia e familiarizado com o debate filosófico, escolheu deliberadamente um tom teórico e generalizante para entrar na polêmica sobre soberania nacional e valores universais. “Todo Estado tem o dever primário de proteger sua população de graves e continuadas violações dos direitos humanos”, disse o papa. Mas, invocando uma deliberação tomada pela própria ONU em 2005, ele lembrou que, se um país falha nessa questão, “a comunidade internacional precisa intervir, com os instrumentos jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e em outros tratados internacionais”. O pontífice sustentou nessa afirmação sua defesa do multilateralismo, que estaria em crise “porque continua subordinado a decisões tomadas por uns poucos, quando os problemas do mundo exigem uma intervenção na forma de ações coletivas”. Embora não tenha mencionado os Estados Unidos, outro aspecto que distingue a política externa do presidente Bush — a “guerra preventiva” ao terrorismo — mereceu críticas. “O que precisamos é prevenir e gerenciar conflitos explorando toda via diplomática possível, encorajando os mais tênues sinais de diálogo.” O dia do papa incluiu também um encontro com representantes de outras confissões cristãs e a visita a uma sinagoga — a terceira de um papa a um templo judaico, pela primeira vez nos Estados Unidos. A agenda de Bento XVI em Nova York prevê ainda uma missa campal no estádio de beisebol dos Giants e uma visita ao Marco Zero, o local onde ficavam as torres do World Trade Center, derrubadas nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Jornal do Brasil

Transtur e Barcas são notificadas pelo Estado
Dois dias depois de ser surpreendido por reclamações de usuários, o secretário de Edtado de Transporte, Julio Lopes, decidiu notificar a Transtur e a Barcas S/A, responsáveis pelo serviço de barcas e aerobarcas entre Rio e Niterói. A decisão foi anunciada ontem, após o secretário constatar, em nova inspeção nos terminais das duas empresas, que continuam a ocorrer os problemas identificados na vistoria de quarta-feira passada. Se a situação persistir, as concessionárias poderão ser multadas e sofrer sanções administrativas.O Procon-RJ também notificou a Barcas S/A por irregularidades, constatadas por fiscais em ação realizada ontem. A empresa tem dez dias para se defender.O secretário de Transportes também se reuniu com o comandante da Capitania dos Portos do Rio, capitão Wilson Pereira de Lima Filho, na manhã de ontem, quando pediu que fosse intensificada a fiscalização nas duas concessionárias. Depois de ouvir o pedido, o oficial apresentou a Julio Lopes uma lista das diversas irregularidades que têm sido constatadas diariamente, e afirmou que tem notificado sistematicamente a concessionária, para que solucione os problemas. Em 2007, a secretaria notificou as concessionárias por irregularidades mais de mil vezes.– Fizemos 1.141 notificações de irregularidades, a maioria referente a atrasos nos horários de partida, instalações inadequadas nas estações, falta de infra-estrutura de atendimento, entre outras. Todas elas foram enviadas à Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transportes Concedidos), mas parece que nenhuma providência foi tomada – disse.
Jornal do Brasil

Lançado satélite de comunicação brasileiro
Um foguete europeu Ariane-5 ECA foi lançado da base espacial de Kuru, na Guiana Francesa, para colocar em orbita satélites do Brasil e do Vietnã. O Star One C2, propriedade da operadora brasileira Star One, é o oitavo satélite que a companhia confia ao consórcio europeu Arianespace para ser colocado em órbita. O Star One C2 proporcionará serviços de telecomunicações, multimídia e internet de banda larga na América do Sul, a partir de uma órbita geoestacionária de 70 graus Oeste durante 15 anos.
O Estado de São Paulo

Retido navio com armas para Mugabe
Embarcação, interceptada na África do Sul, levava 77 toneladas de carga
Reuters e The Guardian
Em meio às tensões entre governo e oposição no Zimbábue, a África do Sul anunciou ontem que um navio chinês com 77 toneladas de armamentos chegou ao porto de Durban, no sudeste do país, com o objetivo de entregar seu carregamento para o presidente zimbabuano, Robert Mugabe.O sindicato dos transportadores da África do Sul recusou-se a levar o carregamento até o país vizinho por suspeitas de que as armas seriam usadas contra a oposição e no fim da tarde de ontem uma ordem judicial emitida pela Suprema Corte de Durban obrigou o navio An Yue-jiang a abandonar a costa sul-africana.No navio havia 3,5 milhões de cartuchos de munição para fuzis AK-47, 1.500 foguetes e 2.500 granadas de morteiro. Segundo a documentação apresentada pelos chineses, o contrato para a entrega dessas armas teria sido assinado por autoridades do Zimbábue três dias após a eleição presidencial do dia 29, cujo resultado oficial ainda não foi divulgado.O partido opositor Movimento pela Mudança Democrática (MMD), do candidato Morgan Tsvangirai, diz ter vencido já no primeiro turno com 50,3% dos votos, mas Mugabe pediu a recontagem dos votos. Ontem, num novo golpe para a oposição do país, a Suprema Corte de Harare rejeitou o seu pedido para impedir a recontagem antes de os resultados serem oficialmente divulgados. À tarde, num discurso para 15 mil pessoas durante as comemorações da independência do país, Mugabe atacou duramente a oposição e Grã-Bretanha. O Zimbábue é uma antiga colônia britânica. Segundo Mugabe, os britânicos teriam “aperfeiçoado suas táticas” para controlar o seu país e estariam “pagando” para parte da população se voltar contra o governo zimbabuano. “Estamos sendo comprados como gado”, disse, exaltado. “Abaixo à Grã-Bretanha. Abaixo os ladrões que querem roubar o nosso país.”O atraso em divulgar os resultados das eleições presidenciais foi criticado por diversos países, entre eles os EUA e a África do Sul. Em seu blog, no site da chancelaria da Grã-Bretanha, o secretário de Relações Exteriores britânico, David Miliband, disse que a comemoração da independência do Zimbábue foi “mais amarga do que doce” e negou que o apoio de seu país à volta da democracia seja uma forma de recolonização. Há quase três décadas no poder, Mugabe, de 84 anos, é acusado de arruinar a economia do Zimbábue, que tem a inflação mais alta do mundo (100.000% ao ano). O desemprego atinge 80% da população.
O Estado de São Paulo

Delegação da AIEA visitará Teerã
Uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) chega segunda-feira em Teerã para discutir com autoridades iranianas o programa nuclear do país. Liderada pelo inspetor-chefe, Olli Heinonen, a delegação tentará obter de Teerã respostas sobre as alegações de serviços secretos ocidentais de que o país teve acesso a dados que ensinam a projetar bombas atômicas.
O Globo

A PÉ ATÉ O DF
Na tropa de 230 fuzileiros navais que marcha do Rio a Brasília, apenas uma mulher
Marcelo Alves
RIO - Em comemoração aos bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais e aos 48 anos da fundação de Brasília, um grupo de 230 fuzileiros navais reeditou uma marcha do Rio de Janeiro até a capital . A diferença é que desta vez, há uma mulher. A suboficial Sônia Brilhante, de 44 anos, se impôs o desafio de resistir aos 1.170 quilômetros de caminhada para superar barreiras que até então a impediam de realizar um sonho alimentado em 24 anos de Marinha. Emocionada por chegar ao Distrito Federal depois de muitas dores e dificuldades a cada trecho que nunca era inferior a 50 quilômetros por dia da viagem, Sônia está se sentindo realizada. - Já chorei muito e sei que vou chorar ainda mais - disse ela depois de 20 dos 23 dias previstos para a caminhada. - Sempre quis fazer uma marcha e nunca pude. Primeiro porque eu era da gola (o grupo de marinheiros que embarca em navios, diferentemente dos fuzileiros). Depois eles nunca deixavam, acho que por eu ser mulher e achavam que eu não ia agüentar. Acho que eles podiam ter medo de fragilidade e algumas pessoas ainda pensam que a gente não pode exercer determinadas funções. Mas quando eu fiz aniversário em fevereiro entrei em contato com o almirante Carlos Augusto, que é o meu comandante, e ele batalhou para que eu pudesse participar - completa ela, agradecida pela oportunidade. Superada a desconfiança, Sônia virou o centro das atenções da tropa. Ela lembra, no entanto, que o momento mais difícil foi o início da caminhada. - Na marcha você tem que brigar contra a dor. Até o quinto dia foi muito sofrido. Cheguei a ter atendimento médico por não agüentar de dor nos pés e nos joelhos. Tomei uma medicação e depois fui me acostumando. No dia-a-dia aprendi que temos que proteger os pés. Eu os cobria de esparadrapo, que não lhe impediam de sentir as dores, mas as bolhas diminuíam - conta. Divorciada e com um casal de filhos de 21 e 17 anos, respectivamente, esta cearense de Crato não teve que superar apenas os problemas físicos, mas a saudade dos filhos, que chama de "meus orgulhos". - Nesta reta final você vai sentindo mais a ausência, mas eles estão muito presentes e me acompanhando diariamente postando mensagens no blog criado pelos fuzileiros (www.marcha200anoscfn.blogspot.com). É quando a gente mata a saudade e recebe uma carga de ânimo. Eles são meus maiores incentivadores. Meu maior presente seria que o meu filho, que também é da Marinha, estivesse presente quando chegássemos na Esplanada dos Ministérios na segunda-feira. Infelizmente sei que isso não será possível, mas me conforta ter uma mensagem deles. Admirada por sua coragem, Sônia é um orgulho da tropa e conta com o respeito do capitão-de-mar-e-guerra e comandante da tropa Luiz Corrêa, um dos mais velhos entre os participantes da marcha com 48 anos de idade e 32 de Marinha. - É gratificante para nós saber que temos uma mulher participando da marcha. Sei que se tivessem tido a oportunidade, teríamos mais mulheres, mas ela foi corajosa o suficiente para se candidatar, fez os treinamentos e está capacitada - diz Corrêa que lembrou que Sônia participa de corridas de rua, tendo, assim, grande resistência para fazer longos percursos. - É verdade. Eu participo de meias-maratonas, campeonatos da Marinha. Sou uma atleta e por isso achei que era capaz de participar de uma marcha. Mais de 30 cidades e histórias emocionantesDepois de passar por mais de 30 cidades entre Rio, Minas e Goiás até chegar ao Distrito Federal e contando com um grupo de apoio que ajuda na realização de ações sociais como a pintura de escolas e doações de livros, histórias são o que não falta nesta experiência descrita quase sempre pelos fuzileiros como única. Luiz Corrêa lembra com carinho o apoio da população nos municípios pelos quais passou desde o início da caminhada no dia 29 de março. Ele diz, porém, que o que mais lhe marcou foi ser recebido numa cidade de Minas pela filha de uma senhora que acolheu a marcha original de 1960, que inspirou a nova edição da caminhada. - Quando passamos por Ewbank da Câmara, ela fez uma manifestação de apreço à marcha levando crianças da escola para a rodovia para uma manifestação muito bonita. Naquela posição da marcha, isso deu um estímulo muito grande, pois estávamos em plena subida em Barbacena - recorda Corrêa. Sônia também guarda boas recordações da viagem. A mais marcante aconteceu numa cidade do interior de Minas e a leva às lágrimas ainda hoje, mesmo depois de mais duas semanas de caminhada. - A rua principal desta cidade era paralela à rodovia. Então nós saímos da rota porque foi pedido que passássemos por dentro da cidade. Tinha uma escola onde os alunos ficavam na rua com bandeiras e aplaudindo. A gente já tinha um certo tempo de marcha e a emoção, você lembra do sofrimento, o dia-a-dia, a superação e vê o valor que eles dão para a gente. Essa me marcou muito - lembra ela, emocionada. Um balanço positivo da aventuraLuiz Corrêa conta que resolveu participar da marcha como um desafio pessoal. Ele considera que o resultado foi além da expectativa. - Inicialmente eu queria conhecer meus próprios limites e saber se poderia superá-los. O resultado foi além da expectativa. Só vivendo isso para saber como é que foi a marcha. Com o sonho realizado, Sônia espera que outras mulheres tenham a oportunidade de passar pela experiência pela qual ela passou. - Creio que com a minha abertura talvez agora abra mais brechas e liberem mais. Sei que é complicado, pois cada um tem as suas obrigações nos quartéis, mas é indescritível a emoção que você sente - conclui.
O Globo

EFEMÉRIDE
Reedição de marcha comemora 200 anos do Corpo de Fuzileiros Navais e 48 anos de Brasília
Marcelo Alves
RIO - Entre tantas efemérides que marcam o ano de 2008, o bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais passa quase despercebido. Para comemorar a data a Marinha resolveu reeditar a marcha Rio-Brasília, feita em 1960 quando da fundação da capital federal em Brasília. A expedição conta com 230 militares, fuzileiros navais e marinheiros, entre eles apenas uma mulher, que estão fazendo, a pé, o percurso de 1.170 quilômetros até a Praça dos Três Poderes. Os fuzileiros chegam neste sábado em Brasília e na segunda-feira, aniversário da cidade, estarão na Esplanada dos Ministérios para encerrar a caminhada depois de 23 dias. A marcha repete a Operação Alvorada, que em 27 de março de 1960 levou um contingente de 124 fuzileiros navais até Brasília, numa viagem de 24 dias, para celebrar a inauguração da nova capital federal. Para diminuir em um dia, o tempo de percurso na marcha deste ano, os fuzileiros cumprem uma rotina diária de pelo menos 55 quilômetros de caminhada. Auxiliando os fuzileiros, apenas um grupo de apoio que conta com médicos e fisioterapeutas. Além de comemorar duas datas importantes, o corpo de fuzileiros navais aproveita a passagem por três estados - Rio, Minas Gerais e Goiás - e mais de 30 municípios para praticar uma série de ações sociais como a pintura de escolas e a doação de livros para as crianças. Segundo o capitão-tenente Eduardo Saleh Rabello, contribuir para a melhoria das escolas e da condição de estudo das crianças é um dos pontos fundamentais da marcha. - Muitas escolas que encontramos estavam em situação difícil e a ajuda, pelo que percebemos das diretorias das instituições, veio em momento oportuno - diz. Antes de receber a visita da tropa, as escolas foram selecionadas pelas secretarias de Educação dos municípios. Elas informavam as instituições que mais precisavam de ajuda. Em seguida, a Marinha ia até elas, fazia um levantamento do que seria preciso e quantificava o material que seria gasto antes que a escola recebesse a visita dos fuzileiros para os reparos necessários. Grande parte do material foi patrocinado pela própria Marinha, que contou com a ajuda dos fuzileiros não apenas na mão-de-obra, mas na doação de livros. - Ao saber que haveria doação de livros, os próprios militares foram pegando alguns exemplares em suas casas e levando. Também compramos livros de ensino fundamental para a doação, além de livros institucionais da Marinha. A finalidade foi o ensino - explica.
O Globo

ACIDENTE: Óleo polui Baía
Mancha de óleo se espalha próximo à Marina da Glória. O acidente foi provocado pelo derramamento de 12 litros de óleo de motor de um catamarã particular. O proprietário será notificado e multado pela Capitania dos Portos. Uma equipe da Feema providenciou a sucção do óleo.
O Globo

O 'AEDES' ATACA: Secretaria municipal de Saúde manterá unidades de pronto-atendimento funcionando no feriadão
Técnicos da prefeitura temem superlotação dos postos de saúde e confusão de sintomas com efeitos colaterais
Célia Costa e Simone Miranda
A epidemia de dengue levou o governo municipal do Rio a solicitar ao Ministério da Saúde o adiamento, na cidade, da campanha de vacinação de idosos contra a gripe. Na última quinta-feira, a proposta foi apresentada ao Conselho Nacional de secretarias municipais de Saúde e, ontem, foi aprovada pelos conselhos municipal e distrital de Saúde. Os representantes temem que os postos, sobrecarregados pelas vítimas do Aedes aegypti, não dêem conta, de forma adequada, da imunização das pessoas com mais de 60 anos. A Secretaria municipal de Saúde aguarda, agora, a resposta do governo federal. Em todo o país, a campanha será realizada de 26 de abril a 9 de maio. A secretaria enviou um ofício a Brasília sugerindo que, na capital fluminense, a vacinação seja adiada por 15 dias. Segundo o órgão, nesse período os atendimentos a pessoas com dengue se tornariam menos numerosos e, com isso, seria possível adequar os postos de saúde às necessidades dos idosos. Devido à epidemia, várias unidades tiveram suas instalações modificadas para abrigar pontos de hidratação. - Também há a preocupação de que os efeitos colaterais da vacina da gripe, que podem ocorrer em algumas pessoas, sejam confundidos com os sintomas da dengue - explicou o secretário-geral do Conselho Distrital de Saúde de Santa Cruz e Paciência, Adelson Alípio. A Secretaria municipal de Saúde montou um esquema de funcionamento dos postos de saúde durante o feriado prolongado, de amanhã até quarta-feira. Todas as unidades funcionarão normalmente. A suspensão do ponto facultativo do dia 22 também faz parte do esquema. Nas tendas de hidratação, o número de atendimentos tem se mantido estável. Na do Hospital do Andaraí (federal), a média de pessoas que procuraram socorro esta semana foi de 162, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde. O dia mais movimentado foi terça-feira, com 178 atendimentos. Na quarta houve o menor fluxo de pacientes: 151. Ontem, por volta das 15h, cerca de 40 pessoas aguardavam na fila. O tempo de espera era de 1h20m. O município já registra 56.919 casos de dengue e 54 mortes pela doença. Anteontem foram confirmados mais dois óbitos: uma menina de 5 anos, moradora da Penha, morreu no dia 12 de abril no Hospital Getúlio Vargas; e uma mulher de 40 anos, moradora de Realengo, no último dia 13, no Hospital Carlos Chagas. Assim como epidemiologistas, o prefeito Cesar registrou uma queda no número de casos da doença. Segundo um levantamento mostrado por ele, todos os casos de março já foram contabilizados e somam uma média diária de 947 casos. Até 16 de abril, a média estaria em 295 casos por dia. Em janeiro foram 402 casos por dia e em fevereiro, 597. Em Angra, onde quatro óbitos foram confirmados, o secretário de Saúde, Edson Miranda, disse que o número de notificações diminuiu. Até agora, foram notificados 6.467 casos suspeitos de dengue em Angra, sendo 1.030 confirmados. A Prefeitura do Rio precisa ficar alerta em relação aos focos na vizinhança do Centro Administrativo, na Cidade Nova. Um gramado, localizado numa praça ao lado, está alagado e pode ser um possível foco de Aedes aegypti. A Secretaria municipal de Saúde informou que são realizadas vistorias periódicas nos arredores e que larvicidas são colocados em áreas com água empoçada. No último dia 9, soldados e oficiais do Exército que integram a força-tarefa de combate à dengue encontraram larvas de mosquito num terreno alagado em Realengo.

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