Friday, April 25, 2008

Correio Braziliense PADRE DESAPARECIDO
Buscas são encerradas

A Marinha e a Aeronáutica encerraram ontem as buscas pelo padre Aderli de Carli, que desapareceu no domingo quando voava auxiliado por mil balões enchidos a gás hélio. O prazo normalmente seguido de 72 horas foi encerrado às 21 horas de quarta-feira, mas a Marinha manteve as buscas com navios e com o helicóptero até o fim da manhã desta quinta. Nenhum sinal do padre foi encontrado nas últimas horas. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) já encerrara as buscas na noite de quarta-feira. De acordo com o comandante do grupo de radiopatrulha área da Polícia Militar de Santa Catarina, Nelson Henrique Coelho, as chances de encontrar o padre Aderli de Carli com vida são quase impossíveis.

Correio Braziliense PARAGUAI
Alencar reclama de reajuste
Para o vice de Lula, Brasil “fez tudo” na hidrelétrica de Itaipu e sua solidariedade tem limite. Presidente da Empresa de Pesquisa Energética diz que país vizinho colaborou “apenas com a água”

O vice-presidente, José Alencar, e autoridades brasileiras do setor energético alertaram o governo sobre os riscos de um reajuste exagerado na tarifa paga ao Paraguai pela energia gerada em Itaipu. Alencar disse que o Brasil tem sido “generoso” com os vizinhos da América do Sul, mas esse “espírito de solidariedade tem limite”. Já o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, foi bem mais crítico às pretensões paraguaias. Indagado sobre a validade do pleito de Assunção, ele disparou: “É importante entender que, no fundo, nesse processo todo, o Paraguai entrou apenas com a água e que metade do rio (Paraná) é do Paraguai e metade é do Brasil”.

Alencar manifestou discordância com o aumento tarifário proposto por Fernando Lugo, ex-bispo que conquistou a presidência paraguaia na eleição do último domingo. Segundo ele, o Brasil “fez tudo” na usina. “Foi o Brasil que colocou os recursos que deveriam ser colocados pelo Paraguai. Então, a empresa nasceu com a ajuda do Brasil ao Paraguai, nasceu com a ajuda tecnológica do Brasil, com o know-how do Brasil em matéria de hidrelétricas”, afirmou. “O Brasil não está fazendo isso subservientemente. Está dando todo esse apoio ao Paraguai, à Bolívia, a esses países da América do Sul tendo em vista suas condições em relação às condições deles. Há um espírito de solidariedade. Agora, isso, obviamente, tem limite”, acrescentou o vice-presidente.

Tolmasquim, que participou ontem de uma audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, argumentou que Itaipu custou US$ 12 bilhões, e o Paraguai participou apenas com US$ 50 milhões. O restante, de acordo com ele, foi financiado pelo Brasil, que teve de levantar capital emprestado nos mercados interno e externo. “O Paraguai ganhou um empreendimento que hoje vale cerca de US$ 60 bilhões. Então, metade do empreendimento equivale a algumas vezes o PIB do Paraguai, sendo que a contribuição dele para o processo foi o fato de estar na fronteira com o Brasil”, assinalou.

O Brasil utiliza hoje 95% da energia de Itaipu. Os 5% restantes ficam com o Paraguai. O Tratado de Itaipu, firmado em 1973, estabelece que cada país tem direito a metade da energia produzida. Porém, os paraguaios não utilizam grande parte de sua parcela e vendem o excedente aos brasileiros, que pagam US$ 45,31 por MW/h, dos quais pouco mais de US$ 42 vão para a amortização de dívidas. O restante fica com o governo paraguaio, em recursos que rendem pouco mais de US$ 300 milhões por ano. Lugo, que toma posse em 15 de agosto, anunciou que o “preço justo” seria o de mercado, equivalente a US$ 1,5 bilhão anuais, pelo menos.

O presidente da estatal Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, garantiu ontem que as negociações com Lugo não afetarão os acionistas minoritários da empresa. Ele citou até a possibilidade de que recursos do Tesouro Nacional sejam liberados para evitar possíveis prejuízos à Eletrobrás. “Nenhuma solução será adotada de forma a criar problema para o acionista privado, para quem investiu os seus recursos lá (na Bolsa). Se houver alguma coisa que afete a organização (Eletrobrás), teremos de resolver no nível do governo”, declarou Muniz Lopes, no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Entre a fé e o poder
O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, recebeu ontem o representante do Vaticano em Assunção, o núncio apostólico Orlando Antonini (E), que lhe entregou um presente do papa Bento XVI, mas evitou se pronunciar sobre o dilema imposto pela vitória do ex-bispo: a Igreja Católica se opõe aos clérigos que assumem cargos políticos. “O Vaticano tem uma posição sobre o caso de Fernando Lugo e a divulgará brevemente por meio de um comunicado”, disse o diplomata depois do encontro. O futuro presidente reconheceu que, para a Santa Sé, é “um bispo rebelde”, mas quer “continuar pertencendo a essa Igreja”.


Correio Braziliense CRISE DIPLOMÁTICA
Colômbia protesta contra o Equador

O chanceler colombiano, Fernando Araújo, antecipou ontem que seu país prepara uma nota de protesto contra o presidente do Equador, Rafael Correa, por declarações feitas na véspera sobre possível reconhecimento político das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Correa, que rompeu relações com o país vizinho em 3 de março, depois que militares colombianos bombardearam um acampamento das Farc em território equatoriano, disse ainda que o colega Álvaro Uribe é “o último a querer a paz” com a guerrilha.

“As Farc estimulam a produção de drogas na Colômbia e violam as leis equatorianas negociando cocaína por lá. Tudo que façamos para derrotar esses terroristas ajudará imensamente ao Equador”, respondeu Uribe. “Um governo democrático, como o do Equador, não pode parecer interessado em dar o status de força beligerante a um grupo terrorista — isso não podemos aceitar”, reforçou Fernand Araújo. O ministro lembrou que a crise entre os dois países foi tratada em reunião de chanceleres na Organização dos Estados Americanos (OEA), quando ambas as partes se comprometeram a evitar pronunciamentos que pudessem agravar as tensões políticas. Por isso, o protesto será encaminhado também à OEA, para caracterizar o descumprimento do acordo por parte de Quito.

Falando à emissora (estatal) de TV venezuelana VenTV, Correa se dirigiu ao comando das Farc e pediu à guerrilha colombiana que “liberte incondicionalmente todos os reféns em seu poder e acate as convenções de Genebra (sobre crimes de guerra) para que seja reconhecida como força beligerante e se torne um interlocutor válido”. O presidente equatoriano, porém, atacou o colega colombiano, cuja popularidade atingiu a marca recorde de 84% após o rompimento — em boa parte, porque o ataque ao acampamento rebelde matou o segundo homem na hierarquia das Farc, Raúl Reyes.

“O melhor negócio para o governo de Uribe é essa guerra. A última pessoa que quer a paz com as Farc é Álvaro Uribe”, provocou Correa, tido como aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, por sua vez acusado de apoiar as Farc — a quem o Parlamento de Caracas concedeu no mês passado o status de “força beligerante”. De acordo com o direito internacional, esse reconhecimento político permite que a guerrilha colombiana mantenha escritórios e representantes públicos na Venezuela, embora seja classificada como organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia.

A chancelaria equatoriana respondeu às queixas alegando que teriam sido publicadas “versões distorcidas” do pronunciamento de Rafael Correa. Segundo nota, as declarações do presidente “reiteram a política do Equador de rechaçar a presença desse grupo armado irregular (as Farc) em território equatoriano e censurar as práticas atentatórias ao direito humanitário internacional, assim como o apoio ilegal ao narcotráfico”.

FARC EM RONDÔNIA
A suposta interferência das Farc em disputas agrárias no Brasil foi denunciada ontem na Câmara dos Deputados pelo secretário de Segurança de Rondônia, Cezar Pizzano. Em sessão da Comissão de Agricultura, Pizzano afirmou que a guerrilha colombiana estaria dando treinamento militar à Liga dos Camponeses Pobres (LCP), movimento de origens maoístas que teria surgido em Minas Gerais e se expandido para Rondônia e o Pará.


Folha de São Paulo Lula aprova redução de fusos horários em 3 Estados
A mudança tem 60 dias para entrar em vigor e atingirá cidades do AC, AM e PA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem, sem vetos, a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários usados no Brasil. A mudança, que tem prazo de 60 dias para entrar em vigor, atingirá municípios nos Estados do Acre, Amazonas e Pará e será publicada no "Diário Oficial" da União de hoje.

Dentro desse prazo, os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de uma hora em relação a Brasília -hoje são duas horas a menos. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre, sofrerão a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas.

A mudança na lei também fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo horário de Brasília.

O projeto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), foi aprovado no Senado em 2007. Ao tramitar na Câmara, foi alvo de pressão de emissoras de televisão. O lobby foi por conta da entrada em vigor de portaria do Ministério da Justiça que determinou a exibição do horário de programas obedecendo à classificação indicativa.

Parlamentares da região Norte ainda pressionam o governo em virtude das regras da classificação indicativa.

Ela determina que certos programas não indicados para menores de 14 anos, por exemplo, não possam ser exibidos em todo o território nacional no mesmo horário, já que existem diferenças de fuso.


Folha de São Paulo Onda de 3 m invade barco e provoca pânico no Rio
Houve feridos leves; acidente foi na travessia Niterói-Rio
MALU TOLEDO

Uma onda com cerca de três metros invadiu um catamarã na baía de Guanabara, durante travessia de Niterói para o Rio, e provocou pânico nos cerca de 200 passageiros, ontem pela manhã. Ao menos 12 precisaram de atendimento médico.

A porta dianteira do barco foi arrombada pela água, que invadiu a cabine dos passageiros.

A ressaca, que desde quarta-feira castiga a orla do Rio, ontem provocou ondas grandes dentro da baía -habitualmente as águas são quase paradas.

O mar estava tão agitado que a Capitania dos Portos precisou fechar o trânsito marítimo na baía por quatro horas. A linha Charitas-Rio, atendida pelo catamarã, continuava suspensa até a conclusão desta edição.

O catamarã é um barco de pequeno porte que costuma ser usado como meio de transporte por moradores.

Os institutos de meteorologia descartam ligação entre a forte ressaca na orla carioca e os tremores de terça-feira.

O catamarã, com capacidade para 237 pessoas, saiu à 7h45 de Charitas, na zona sul de Niterói, e cerca de dez minutos depois começou a enfrentar ondas com cerca de um metro, na altura da ponta do Morcego, em Niterói. A embarcação teve de diminuir a velocidade e chegou a desligar o motor duas vezes. Uma onda de três metros atingiu a frente da embarcação e rompeu uma porta de alumínio. As pessoas que estavam sentadas na frente ficaram encharcadas e algumas tiveram ferimentos leves. O chão da embarcação ficou alagado.

O comandante do barco, Joel Moura, disse que nunca tinha enfrentado ondas tão grandes naquele trajeto.

Doze pessoas foram atendidas, entre elas duas mulheres grávidas, que foram liberadas, segundo a empresa que administra as barcas. Até a conclusão desta edição, três pessoas permaneciam em observação no hospital municipal Souza Aguiar, no centro.
A estudante Tatiana Passos Ribeiro, 20, que sempre vai para o Rio de barca, ligou para a mãe assim que viu a água invadindo o catamarã. Ela contou que ficou mais nervosa com a reação das pessoas, muitas delas idosas, que entraram em pânico, chorando e rezando.

Segundo ela, os tripulantes deixaram as pessoas ainda mais assustadas porque gritaram para elas não saírem dos lugares.
Ela ligou para a mãe, a médica Eliane Ribeiro, que pegaria a barca das 8h. Aflita, a médica "acompanhou" a filha até a estudante desembarcar no Rio.

Causas da ressaca
Uma frente fria no oceano Atlântico, na altura do Rio Grande do Sul, teria provocado a ressaca no litoral fluminense, segundo análises do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), da Marinha e do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.

Eva Matschinske, do serviço de meteorologia da Marinha, apontou três fatores para o aumento da maré: o deslocamento da frente fria para o litoral, um vento sudoeste na mesma direção do litoral e a fase da lua -quarto crescente.
Segundo ela, a tendência é que a maré diminua a partir de hoje, porque o vento já se deslocou para o litoral norte do Rio.


Folha de São Paulo Família de padre aluga avião para buscas
Irmão afirma ter certeza que o religioso está vivo; trabalhos da Marinha prosseguem somente até hoje
DIMITRI DO VALLE

A família do padre Adelir Antônio de Carli alugou um avião bimotor para reforçar as buscas pelo religioso, desaparecido desde domingo no litoral de Santa Catarina, após levantar vôo preso a cerca de mil balões de festa com gás hélio.

A aeronave saiu ontem de Navegantes (SC) e começou a vistoriar a costa desde o litoral norte catarinense, onde o padre fez os últimos contatos por celular antes de cair no mar.

A Marinha informou que os trabalhos prosseguem somente até hoje. Haverá então uma análise do caso para verificar a possibilidade de continuidade das buscas. As primeiras 72 horas após o desaparecimento, que venceram anteontem, foram o período considerado de maior chance de localização.

Um avião da FAB se retirou ontem das operações. De acordo com o 5º Distrito Naval, comandantes das duas Forças Armadas decidiram que a estrutura da Marinha é suficiente. O avião da FAB, segundo a Marinha, fez todas as varreduras possíveis do mar a partir de tetos mais elevados.

O bimotor fretado pela família de Carli tem autonomia para incursões de até 100 milhas náuticas (185 quilômetros). "Temos certeza que ele está vivo. Por isso, alugamos o avião", disse o irmão do padre, Marcos de Carli. Ele pediu que a população não pare de rezar.

Carli levantou vôo para tentar quebrar um recorde mundial de permanência no ar e divulgar o trabalho da Pastoral Rodoviária, fundada por ele em Paranaguá (90 km de Curitiba) para apoiar caminhoneiros.

Buscas
As buscas se estenderam ontem mais ao sul do litoral catarinense e devem chegar à cidade portuária de Imbituba (104 km a sul de Florianópolis). A Marinha se baseia na direção dos ventos e das correntes marítimas. Há dois navios e um helicóptero na operação.

Outra frente de buscas está sendo feita pelo Corpo de Bombeiros em regiões de morros e de mata fechada de Penha (127 km a norte de Florianópolis).

O bispo de Paranaguá, dom João Alves dos Santos, disse que um fiel próximo ao padre teve um "sentimento" de que o religioso esteja perdido em uma área de mata na região de Penha, onde foram localizados, boiando perto da costa, os primeiros restos de balões.


Jornal do Brasil Niterói também sofre. Na Urca, barco afunda

A ressaca incomum para esta época do ano pegou de surpresa proprietários que ancoram seus barcos na Urca. Um deles chegou a adernar. O estrago só não foi maior porque, por volta das 6h, funcionários do Iate Clube do Rio de Janeiro manobraram os barcos para dentro da baía. Os que estavam mais perto do cais, chegaram a cair do berço (armação de madeira onde se assenta um barco) e três deles tiveram seus mastros quebrados.

– Não temos uma ressaca como esta há cinco anos e, pela primeira vez, ocorre em abril – observa Alberico de Arruda, superintendente do Iate Clube. – A ressaca foi tão forte que uma das lanchas chacoalhava como uma caixa de fósforo.

Um dos píeres do clube foi danificado e ontem mesmo o representante da seguradora fez uma vistoria para calcular o prejuízo.

– Temos 750 barcos aqui. Por sorte, poucos estão ancorados já que a maioria aproveitou o feriadão e viajou. Muitos estão em Angra dos Reis – contou Arruda.

Transtornos em Niterói
Os efeitos da ressaca também foram sentidos nas ruas de Niterói. Os bairros de São Francisco, Charitas e Boa Viagem, que cercam a orla da bacia hidrográfica, foram os mais afetados. Na Praia das Flechas, a areia invadiu uma faixa de rolamento, entre os bairros do Ingá e Icaraí, impedindo o trânsito de pedestres e veículos.

A Avenida Engenheiro Martins Romêo, que dá acesso ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), no bairro de Boa Viagem, ficou interditada em direção a Icaraí, obrigando os motoristas a circularem pelo Ingá e aumentando os congestionamentos no bairro. Durante todo o dia, cerca de 30 homens da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) retiraram 12 metros cúbicos

Jornal do Brasil Dia de fúria no mar e medo em terra firme
Ressaca afunda barco, atinge catamarã e fere 20
Janaína LinharesCarolina Bellei

Em vez de banhistas, curiosos. No lugar de corpos bronzeados, apreensão. Apesar do céu azul e do sol forte, a paisagem do Rio ontem foi atípica. Mudanças climáticas provocadas por um ciclone extratropical com origem no litoral do Rio Grande do Sul provocaram uma forte ressaca, que deixou o mar com ondas de mais de cinco metros em várias partes da cidade. O fenômeno ainda pôde ser sentido na Baía de Guanabara, onde uma onda atingiu um catamarã e deixou 20 feridos e afundou um barco na Urca. Muitos se assustaram com o que viam e houve quem fizesse ligação com o tremor de terra no Oceano, que sacudiu São Paulo na terça-feira.

– Nunca vi o mar tão bravo. Pensei que íamos ser engolidos – disse a estudante Luiza Salles.

Em trechos da Zona Sul, a água e a areia invadiram o calçadão. O repórter-aéreo da Rádio JB-FM, Carlos Eduardo Cardoso, que estará nas páginas do JB sempre que preciso, deu o seu relato depois de sobrevoar o Leblon.

– Quando vi o recuo do mar e a grande faixa de areia no Leblon, lembrei logo do que aconteceu na Indonésia antes da tsunami – disse ele, relembrando o acidente que vitimou mais de 200 mil pessoas em dezembro de 2004.

No Flamengo, ondas arrastaram pedras para perto de um restaurante e, em Copacabana, um turista estrangeiro quase se afogou. Niterói também sofreu com o mar revolto. Na Praia de Icaraí as ondas alcançaram o calçadão e as casas na beira das praias das Flechas e Boa Viagem chegaram a ser invadidas pela água.

– Ventou forte durante a noite e pela manhã, vi que a água havia atingido os carros – descreveu o compositor Daniel Pereira.
Colaborou Mariana Abrahão



Jornal do Brasil COLUNA
Vitória de Jobim
Gilberto Amaral


Foi uma vitória da persistência e da persuasão, que deve ser creditada ao ministro da Defesa, Nelson Jobim (foto), o aumento do soldo dos militares, numa média percentual de 47%, variando do recorde histórico de 137,8% para os recrutas e 35,5% para os generais.

Empenhado em reequilibrar o soldo dos militares, defasado durante vários governos, o ministro Jobim teve os esforços recompensados com o decreto presidencial. A tropa, em continência, agradece.



O Dia Abalo submarino pode ter ‘sacudido’ marés
Tremor de 6,5 graus foi registrado pela UnB horas antes da megarressaca

Rio - A agitação dos mares no litoral fluminense pode ser explicada até por fenômenos sísmicos. Especialistas em tectônica dos oceanos ouvidos por O DIA afirmam que o tremor de 5,2 graus na escala Richter (que vai até 9) registrado terça-feira no litoral de São Paulo — e sentido no Rio — não tem relação com a ressaca, mas um terremoto subseqüente poderia ter movimentado os mares do Rio. “Existe uma possibilidade de um tremor de terra posterior ao de São Paulo ter provocado o fenômeno. Ele pode ter ocasionado um movimento no fundo do oceano, no sentido vertical, com deslocamento de rocha”, afirma o oceanógrafo da Uerj Vitor D’ávila.

Segundo o Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), ontem, por volta das 4h, um terremoto foi registrado no Norte do Atlântico. “Detectamos tremor de 6,5 graus a mil quilômetros de Fernando de Noronha”, informa Daniel Caixeta, técnico da UnB.

Especialista em oceanografia geológica da UFF, o professor Alberto Figueiredo atribui a agitação marítima a ventos vindos da costa gaúcha, a 1.500 km do Rio, mas afirma que os tremores no Atlântico podem ter contribuído para o fenômeno no Rio: “É possível, sim. As ondas perdem energia, mas podem chegar a todo o oceano. Na época da tsunami (no Oceano Índico, em 2004), chegaram pequenas ondas à Baía de Guanabara”.

O especialista da Uerj observa que o fenômeno dos ventos vindos de frente fria no Sul é recorrente no Rio, mas a agitação dos mares como a de ontem é rara: “Só pode ser explicado por uma série de acontecimentos infelizes. Há décadas não ocorre. Em 30 anos aconteceu em duas ocasiões no Rio”. D’ávila afirma que os ventos formam uma espécie de “pólo difusor de ondas” que chegam “de frente para a Baía”.

Os ventos, afirma, podem explicar o fenômeno das ondas, mas não o avanço do mar no Aterro do Flamengo e o recuo na Zona Sul, visto na manhã de ontem. Figueiredo, por sua vez, tem outra explicação para o fenômeno constatado na orla. “Depois da tempestade em alto-mar, as ondas que chegaram ao litoral do Rio quebraram junto à praia e retiraram areia das partes mais profundas”.

Para a Marinha, a hipótese sismológica é descartada. “É fenômeno meteorológico. Os ventos ‘empilharam’ a água, as ondas aumentaram de tamanho e foram propagadas até a costa”, diz o tenente Leandro Machado, do Serviço Meteorológico Marinho, para quem a ressaca foi causada por ventos fortes.


O Estado de São Paulo Cerco deve atingir ONGs brasileiras
Proposta que inclui as entidades nacionais ainda está em fase inicial
Felipe Recondo, Brasília

O governo pretende estender para as organizações não-governamentais (ONGs) brasileiras que atuam na Amazônia o cerco que será feito às ONGs estrangeiras. A idéia é montar um arsenal jurídico que coíba a biopirataria, a influência sobre os índios e a ocupação irregular de terras na região.

Apesar de as ONGs estrangeiras não serem o único alvo do governo, devem ser elas as primeiras a ser afetadas por mudanças na legislação. Está mais avançada no governo a discussão sobre uma nova Lei do Estrangeiro que estabeleça como precondição para que as ONGs internacionais atuem na Amazônia uma autorização expressa do Ministério da Defesa, além da licença do Ministério da Justiça, como mostrou o Estado em sua edição de ontem.

A restrição às ONGs nacionais ainda está em estágio de diagnóstico. Somente depois de estudos do grupo de trabalho formado por integrantes do Ministério da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Controladoria-Geral da União (CGU) é que uma minuta de projeto será elaborada.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, avisou que, 'se necessário', pode acionar a Polícia Federal para que essa fiscalização sobre as ONGs seja feita. 'Precisamos ter normas especiais para controlar a entrada de ONGs lá, principalmente estrangeiras, mas não somente as estrangeiras, todas as que façam trabalhos vinculados a outros interesses que não os definidos em seus estatutos', disse ele, ontem. 'Queremos fortalecer e prestigiar ONGs sendo muito rigorosos com elas e dando força para as que são autênticas', acrescentou.

O projeto da nova Lei do Estrangeiro está na Casa Civil da Presidência da República e será enviado ao Congresso até junho. Preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, o projeto prevê multas que vão de R$ 5 mil a R$ 100 mil para estrangeiros que atuarem na Amazônia sem a devida autorização.

Pelos cálculos dos militares, existem no Brasil 250 mil ONGs e, desse total, 100 mil atuam na Amazônia. Outras 29 mil engordam o caixa com recursos federais, que somente em 2007 atingiram a cifra de R$ 3 bilhões.

Na semana passada, ao escancarar o descontentamento com a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia, fez um alerta. Segundo ele, há ONGs internacionais estimulando os índios a lutar pela divisão do território nacional.

Heleno definiu a política indigenista do governo de Luiz Inácio Lula da Silva como 'lamentável, para não dizer caótica'. As declarações geraram irritação no Palácio do Planalto. O ministro Nelson Jobim, da Defesa, orientou Heleno a não falar sobre o assunto.


O Estado de São Paulo As ONGs não podem ser criminalizadas
Taciana Gouveia

Desde a sua fundação em 1991, a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - Abong- possui um Regional na Amazônia, composto por um conjunto de ONGs nacionais que há muito trabalham na área. Estas organizações realizam inúmeros tipos de atividades e ações, sempre com um objetivo: a defesa dos direitos humanos no seu sentido amplo, ou seja, os direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Estão também articuladas com muitas outras entidades, desde sindicatos rurais até comunidades eclesiais de base, presentes nos pontos mais remotos do imenso território.

Entre as milhares de pessoas direta e indiretamente envolvidas nessas iniciativas, estão os povos tradicionais da Amazônia. São ribeirinhos, quilombolas, indígenas, pequenos agricultores. Como é de conhecimento geral, são povos cujos direitos têm sido cerceados e transgredidos: têm suas terras tomadas por transnacionais, são vítimas de ameaças e assassinatos, assistem diariamente às ameaças à biodiversidade do rico e cobiçado meio ambiente da região.

As ONGs do campo Abong e entidades parceiras têm insistido nesses e em outros problemas, como a 'rapina e não plano de manejo' - ou o intenso desmatamento - que há muito ocorre na Região Amazônica e fato ressaltado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Rapina alvo de constantes denúncias também dos povos tradicionais, que poucas vezes têm sua voz escutada. Por isso, é necessário que haja um rigoroso controle social da ação desenvolvida por qualquer tipo de organização na Amazônia, seja ela pública, privada ou não-governamental. Entretanto, e mais uma vez, urge que o governo tenha parâmetros legais bem definidos, para que o controle de atividades ilegais na Região Amazônica não criminalize as organizações e os movimentos que têm lutado pelos direitos dos seus povos e realizado ações na direção de um desenvolvimento realmente sustentável e com justiça social.



O Estado de São Paulo Grande perigo é balcanizar Amazônia
General Luiz Gonzaga Lessa*

Há um grande perigo em gestação na fronteira Norte do País: a balcanização da Amazônia,, ou seja, a transformação daquela vasta região em algo semelhante ao que ocorreu no Kosovo, nos Bálcãs, com conseqüente risco à soberania brasileira. Este tema tem muito a ver com a tentativa de transformar toda aquela área, onde vive boa parte das nações indígenas brasileiras, em uma nação distinta do Brasil.

Isso tem muito a ver com a influência estrangeira sobre os índios, tema que está no fulcro do projeto apresentado pela Secretaria Nacional de Justiça. O pior é que este atentado não tem sido coibido pelo governo, que, obviamente, percebe o risco, mas tem se omitido e não de agora.

Esse perigo, sobre o qual temos alertado toda a sociedade brasileira há mais de dez anos, tem a ver com a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 13 de setembro de 2007. Essa declaração é quase o ato final de um persistente processo que, nos últimos 20 anos, tem sido levado a efeito por influentes e bem estruturadas organizações não-governamentais (ONGs).

Caso a Declaração venha a ser referendada pelo Congresso, ganhará força de emenda constitucional, conforme prevê a própria Constituição Lembro que a Lei Maior diz, no seu artigo 5.º, que tratados internacionais referentes a direitos humanos referendados pelo Congresso passam a valer como emendas constitucionais. Em tese, nada impediria que algum destes vários líderes indígenas, muito bem instruídos e preparados, declarasse a independência de sua 'nação', apartada do Brasil.

A se confirmar essa tendência, teremos retalhado o Brasil em 227 nações, com 180 diferentes idiomas. O crime contra o Brasil e sua soberania e unidade territorial terá sido perpetrado. Onde está a sociedade civil que não se manifesta?

* Comandante militar da Amazônia até 1998 e ex-presidente do Clube Militar


O Estado de São Paulo Navio com armas retorna à China
Embarcação iria para o Zimbábue, mas foi impedida de atracar

Após uma semana sem conseguir permissão para atracar em países do sul da África, um navio chinês, com armamentos encomendados pelo governo do Zimbábue, está retornando para a China. “A empresa decidiu enviar os componentes militares de volta para a China, na mesma embarcação”, disse ontem a porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu.

A embarcação chegou à costa da África da Sul há uma semana com 77 toneladas de munição, foguetes e morteiros de fabricação chinesa - carga avaliada em US$ 1,4 milhão.

Trabalhadores e líderes religiosos sul-africanos protestaram e impediram que o navio atracasse. Em seguida, o barco tentou entrar em outros países (como Moçambique e Angola), mas também não conseguiu.

O bloqueio contra o navio ganhou força nos países vizinhos do Zimbábue, que não costumam criticar abertamente o presidente Robert Mugabe. A pressão sobre o líder zimbabuano vem aumentando, pois ele se recusa a divulgar o resultado das eleições presidenciais do dia 29. A oposição afirma que seu candidato, Morgan Tsvangirai, venceu a votação.

Há fortes indícios de que as armas chinesas seriam usadas pelo governo em sua campanha para reprimir os opositores - enfraquecendo os partidários de Tsvangirai num possível segundo turno. Médicos zimbabuanos afirmam que mais de 300 opositores já foram atacados.

Ontem, os EUA fizeram seu mais duro ataque contra Mugabe desde as eleições. Em visita à África do Sul, a secretária para Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, disse que Tsvangirai obteve uma “vitória clara” contra Mugabe.

“Esse governo está rejeitando a vontade das pessoas. Se elas tivessem votado para Mugabe, já teríamos o resultado”, disse a americana.

Jendayi também defendeu a proposta do premiê britânico, Gordon Brown, de impor um embargo internacional de armas contra o Zimbábue.


O Globo PÂNICO NA BAÍA
Costa é vulnerável a ondulações de sudeste
Mudança de direção faz mar entrar com força na Baía de Guanabara sem encontrar obstáculos, explica oceanógrafo
Tulio Brandão

As ondas que quase viraram o catamarã Zeus I são esporádicas, segundo especialistas. O fenômeno ocorre quando uma ondulação forte, provocada pelos ventos de um ciclone extratropical formado no Oceano Atlântico, próximo ao Rio Grande do Sul, chega ao Rio vinda de sudeste, o que facilita sua entrada na barra da Baía de Guanabara. Esta direção de onda também expõe à força do mar outros pontos da costa carioca, como a Praia de Copacabana e da orla de algumas cidades litorâneas do estado. Alguns especialistas, porém, dizem que a ondulação registrada ontem foi mais intensa.

O oceanógrafo Leonardo Marques da Cruz, da Prooceano, explica que a direção da onda foi determinante:

- A conformação da barra da Baía de Guanabara favorece a entrada da onda vinda de sudeste sem praticamente encontrar obstáculos. Além disso, o intervalo entre as ondas era de relativamente baixo para a ondulação, de 12 a 14 segundos. Ondulações com esse período demoram mais para sofrer influência do fundo (e variar a direção). Isso fez com que a ondulação se mantivesse limpa de sudeste até a entrada da Baía.

Para o oceanógrafo Rogério Candella, a diferença para outras ressacas vindas de sudeste foi a intensidade.

- O fenômeno em si não é tão raro, mas nem sempre chega com ondas fortes. Essa direção da ondulação afeta, além da baía, todas as áreas cuja costa segue a orientação nordeste-sudoeste, como as cidades litorâneas a partir de Arraial do Cabo. Nessas áreas, as ondas entram de frente - explica.

Como as praias do Leblon e de Ipanema são posicionadas no eixo leste-oeste, ficam menos expostas às ondulações de sudeste. Nessas áreas, portanto, a ressaca não foi tão forte

Segundo o oceanógrafo Rogério Fragoso, ondulações de sudeste atingem a cidade de duas a três vezes por ano, nem sempre com força. Já as Barcas S/A afirmam que há 30 anos não são registradas ondas deste tamanho na Baía de Guanabara.

A ressaca mudou a paisagem de lugares com águas normalmente tranqüilas como a Enseada de Botafogo, a Urca e Niterói, fazendo a festa dos surfistas. Ondas de até dois metros atingiram o calçadão e a pista das praias das Flechas e Icaraí. O calçadão da Praia de Boa Viagem virou uma arquibancada, tantos eram os curiosos. As ondas em Itapuca, Niterói, atraíram surfistas até da Barra da Tijuca, como o administrador de empresas Cristiano Gomes de Almeida, de 32 anos:

- Desmarquei meus compromissos só para aproveitar essa ondulação rara. As ondas estão perfeitas.

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