Monday, April 21, 2008

Correio Braziliense ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Dia histórico no Paraguai
Depois de 61 anos do Partido Colorado no poder, ex-bispo oposicionista ganha a preferência do eleitorado do país

Os paraguaios viveram ontem a eleição mais marcante das últimas seis décadas, em que o país foi governado pelo Partido Colorado. Pela primeira vez, um candidato de oposição conseguiu tomar a dianteira no pleito. Todas as pesquisas de boca de urna apontaram a vitória de Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, sigla em espanhol). O início da apuração confirmava esse resultado. Com 69,5% dos votos apurados, o ex-bispo da Igreja Católica tinha 40,5% dos votos, enquanto a candidata do governo, Blanca Ovelar, contava com 31,19% da preferência dos eleitores, segundo balanço oficial divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Neste dia histórico, cometi a ousadia de virar presidente”, disse Lugo, comemorando a vitória. “Somente quero dizer uma frase muito curta: vocês são culpados da alegria da maioria do povo paraguaio no dia de hoje!”, disse ele a seus apoiadores e chamando todos os paraguaios a se unirem. Nos comitês eleitorais do candidato da oposição, o clima era de festa logo após todas as pesquisas de boca de urna confirmarem a esperada vitória de Lugo. O ex-presidente da República, Juan Carlos Wasmosy, logo reconheceu também a derrota do Partido Colorado, que considerou “catastrófica”.

A pesquisa de boca de urna da consultoria First Análisis y Estudios colocou Lugo com 43% dos votos, seguido por Ovelar, com 37%. Uma segunda enquete, da ICA, apontou que a liderança de Lugo seria de 41,4%, enquanto a concorrente teria 37,9%. A boca de urna da GEO mostrou Lugo com 41,8% e Ovelar com 36,4%. Não há segundo turno nas eleições paraguaias. Vence o candidato que obtiver o maior número de votos.

Lugo votou no município de Lambaré, nos arredores de Assunção. Na saída, o candidato afirmou que votou para “cumprir com seu dever de cidadão num dia histórico”. Ovelar, que é ex-ministra da Educação, votou num posto eleitoral em Assunção, enquanto o candidato Lino Oviedo votou em uma escola pública da capital. Ele teve de esperar quase uma hora para votar devido ao atraso de integrantes das mesas de votação. “É uma irresponsabilidade”, criticou.


itaipu
Conhecido como o “bispo dos pobres”, Lugo é adepto da Teologia da Libertação. Mas fez questão de evitar que a sua imagem fosse associada a de líderes esquerdistas do continente, como o presidente venezuelano Hugo Chávez. O ex-bispo católico defende a reforma agrária e quer renegociar os acordos energéticos que o Paraguai tem com a Argentina e o Brasil. Isso incluiria rever os termos do Tratado de Itaipu. A hidrelétrica produz energia que é dividida igualmente entre os dois países. O Paraguai, no entanto, só consome 5% da energia a que tem direito. O restante é vendido ao Brasil, a preços inferiores ao de mercado. Lugo quer elevar o valor recebido pelo Paraguai do governo brasileiro. O contrato, no entanto, só terminar em 2022.

Lugo desligou-se da Igreja Católica para participar da campanha pela sucessão presidencial, em 2006, mas afirmou que pretende voltar à vida religiosa após cumprir um mandato como presidente. A supremacia do Partido Colorado começou durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989) e foi até o governo atual, do presidente Nicanor Duarte.


Folha de São Paulo Porto opõe governo baiano e associação de turismo
Projeto deve ser instalado em área de preservação
MATHEUS PICHONELLI
CÍNTIA ACAYABA

O projeto de construção de um complexo portuário numa área de preservação ambiental de Ilhéus (a 429 km de Salvador) levou empresários do setor turístico e ambientalistas à Justiça contra o governo Jaques Wagner (PT).

Eles afirmam que as obras vão causar prejuízos ambientais e culturais em um local para onde deveriam ser destinados apenas investimentos em preservação e ecoturismo.

Numa área de 1.700 hectares dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) de Lagoa Encantada, já declarada como de utilidade pública para fins de desapropriação, o governo quer instalar um porto integrado a transportes rodoviário, aéreo, ferroviário e fluvial.

A área, com remanescentes da mata atlântica, equivale a 2.480 campos de futebol.

"Inevitável"
Argumentando que o desmatamento e a poluição do local serão "inevitáveis", a Atil (Associação de Turismo de Ilhéus), que reúne cerca de cem empresas, apresentou à 2ª Vara Civil de Ilhéus ação civil pública contra o Estado pedindo a nulidade do decreto. Marcelo de Campos, advogado da associação, afirma que, ao autorizar a desapropriação, Wagner não levou em conta normas ambientais.

Na área, estavam previstos investimentos de R$ 623 milhões para a construção de imóveis. "Há projetos que têm 70% da propriedade nessa área desapropriada pelo governo", diz Robert Godoy, diretor da Atil.

Com a medida, segundo o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de Ilhéus, a expansão imobiliária observada no local será "brecada".

A APA da Lagoa Encantada foi criada em 1993. No site da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, é descrita como área "prioritária para conservação".

Segundo o engenheiro agrônomo Mário Pessoa, consultor ambiental de projetos técnicos na região de Ilhéus, um projeto como este afetaria mananciais, áreas de rios, espécies marinhas, manguezais e animais.

O governo diz que as obras vão gerar até 10 mil empregos na cidade, o que, para a Secretaria de Turismo de Ilhéus, deve ser levado em consideração.

"Queremos que o ecoturismo se desenvolva, mas há muitos miseráveis em Ilhéus. O turismo, sozinho, não dá conta de trazer emprego e renda para todos. A [idéia de] sustentabilidade diz para você respeitar os bens naturais, mas também os humanos e econômicos", diz Santina Gonçalves, gestora de projetos da secretaria.

O secretário do Meio Ambiente da Bahia, Juliano Souza Matos, diz que o local não é de proteção integral e, se forem levados em conta planos de manejo, o projeto pode ser liberado. Segundo ele, resistências são "prematuras" e turismo e porto podem "conviver".

O governo tem pressa para iniciar as obras: quer instalar, até 2011, um complexo de mineração de ferro em Caetité (BA). Para escoar a produção, um mineroduto com 400 quilômetros ligaria a cidade a Ilhéus, onde o porto embarcaria 70 mil toneladas de minério por dia.


Folha on line Continuam as buscas pelo padre Adelir de Carli

Desde o fim da noite deste domingo (20), barcos da Capitania dos Portos de São Francisco do Sul (SC) percorrem o litoral catarinense em busca do padre Adelir de Carli.
De acordo com informações extra-oficiais do Corpo de Bombeiros da cidade, pelas coordenadas recebidas pela Capitania dos Portos o balão teria desaparecido em uma região próxima ao balneário de Penha (SC), que fica a cerca de 74 km de São Francisco do Sul.
O padre havia saído da cidade de Paranaguá (PR) na manhã de domingo (20) e viajava preso a balões de gás hélio. Os ventos e o mau-tempo teriam desviado Carli de seu percurso, levando-o à costa catarinense.
O último contato do padre foi feito por volta das 19h30 de ontem, quando falou com um oficial do Corpo de Bombeiros do município de Guaratuba (PR).
A Capitania dos Portos de São Francisco do Sul iniciou as buscas por volta das 23h de domingo.


G1– Portal da Globo Buscas por padre que voava em balões continuam
Adelir de Carli tentava bater recorde voando 20 horas consecutivas. Pedaços de balões foram encontrados no mar de São Francisco do Sul.

Com o auxílio de pescadores, embarcações da Marinha continuam à procura do padre Adelir Antonio de Carli, de 41 anos, que está desaparecido desde domingo (20) no mar de Santa Catarina.

Nascido em Realeza (PR), Carli voa para promover as ações da Pastoral Rodoviária do Paraná, que faz missa nas estradas e dá apoio espiritual aos motoristas. (assista ao lado uma entrevista com Carli)

Neste domingo, ele levantou vôo da cidade de Paranaguá (PR) com o objetivo de bater um recorde: voar por 20 horas usando balões de festa gigantes; por isso teria escolhido o dia 20. A intenção era realizar o pouso na cidade de Dourados (MS).

No entanto, o mau tempo o teria levado em direção ao mar. Pouco antes da queda, equipes de resgate fizeram contato, via celular, com Adelir, que chegou a ficar a mais de 50 Km da costa.

No final da tarde, pedaços de balões foram encontrados no mar de São Francisco do Sul, Litoral Norte catarinense.

Antes de deixar o solo, Carli deixou uma mensagem: "Se o padre voa para ajudar os que rodam, por que você também não pode ajudar?".

Neste momento, barcos da Capitania dos Portos vasculham o Litoral Norte de Santa Catarina.
Vôo com cautela
Em entrevista ao Fantástico, em março deste ano, o padre mostrou como se prepara para os vôos. Além de uma roupa térmica para suportar baixas temperaturas, um capacete e um pára-quedas eram usados para garantir a segurança do vôo.

Segundo a reportagem, para erguer o padre e o equipamento que, juntos, pesam 200 quilos, são necessários cerca de 500 balões.

Na entrevista, Carli falou sobre o vôo deste domingo. “Escolhi o dia 20 de abril porque é lua cheia e é uma alegria você poder observar e contemplar aquele luau espetacular. A noite vai ser muito clara”, previa.


Jornal de Brasília EXÉRCITO
Estabilidade para mulheres
Carreira militar atrai mais de 5 mil profissionais do sexo feminino

Desde que passou a admitir mulheres entre seus quadros, em 1992, o Exército tem atraído cada vez mais profissionais do sexo feminino. Embora ainda sejam poucas, elas já estão inclusive nos pelotões responsáveis por vigiar e proteger as fronteiras.
Entre os 180 mil militares da ativa, há hoje 4.660 mulheres – 3.603 do quadro temporário e 1.057 de carreira. No ano passado, 25 delas chegaram à patente de major. Isentas do serviço obrigatório, elas podem servir voluntariamente, mas para chegar a sargento ou oficial é preciso prestar concurso público nacional e freqüentar uma das escolas de formação. As que não pretendem seguir a carreira militar devem fazer estágio de adaptação de 45 dias e o contrato dura sete anos, no máximo.
A tenente Glenda Farias Acácio é uma das oficiais temporárias que pensam em seguir carreira no Exército, onde ingressou em 2004, por meio de um convênio da Força com a universidade em que estudava. O interesse, diz ela, surgiu quando estagiou no setor de Odontologia do Hospital Geral de Belém (PA), administrado pelo Exército.
“Foi meu primeiro contato com os militares, mas restrito aos profissionais da minha área. Eu não imaginava que iria seguir carreira, embora já tivesse vontade”, conta a tenente, hoje no 34º Batalhão de Infantaria de Selva, em Macapá (AP).
Ao participar da seleção de candidatos, além da análise curricular e das entrevistas comuns a qualquer concurso público, Glenda teve de passar por um teste de aptidão física. Aprovada, ela foi designada para servir no Oiapoque (AP), onde passou um ano na 1ª Companhia de Fuzileiros da Selva de Clevelândia do Norte, a cerca de 15 minutos de barco da cidade. Além dela, só havia outra mulher entre os 225 homens responsáveis por vigiar a faixa de fronteira com a Guiana Francesa.
Admitindo o medo inicial de se mudar para um lugar tão remoto, Glenda garante ter se sentido protegida e respeitada pelos colegas homens. “O que me dava segurança era saber que o Exército me dava a estrutura e o apoio de uma instituição séria”, diz a tenente. “Não tive nenhum problema e sempre fui respeitada. No início ficam todos querendo saber como vamos agir, mas, com o tempo, tanto eu fui me adaptando como os homens também se adaptaram ao fato de ter duas mulheres no batalhão”. A exemplo de outras mulheres, a tenente diz não ter sido poupada das obrigações militares. “Participamos de todas as atividades, inclusive das marchas pela selva”, explica.
A Marinha também atrai as mulheres em busca de estabilidade profissional. É o caso da suboficial Sônia Brilhante Wanderley, a única mulher na Marcha Coluna e Centenário, do Corpo de Fuzileiros Navais que chegou esta semana a Brasília.


Jornal do Brasil Redução em Reserva Legal pode ser de 50%
Mudanças no Código Florestal preocupam ambientalistas
Márcio Falcão

Sem muito alarde, deputados articulam na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara alterações no Código Florestal brasileiro. As mudanças que estão sendo costuradas deixam os ambientalistas em alerta. A principal preocupação é com os efeitos para as florestas do país. O ponto central prevê a redução, para fins de recomposição, da área de Reserva Legal na Amazônia de 80% para 50% nos imóveis rurais. A área de preservação pode ser reduzida para até 30% da propriedade, no caso de uso para plantio de espécies florestais com técnicas de manejo ambiental.
Na Amazônia, atualmente, é lícito desmatar 20% de uma propriedade, o restante é considerado Reserva Legal, área protegida por lei. A proposta prevê ainda que as áreas florestais desmatadas na Amazônia poderão ser replantadas não apenas com espécies nativas, mas também exóticas, como dendê e outras plantas de uso comercial. Ambientalistas chamam o projeto de floresta zero, pois entendem que ele amplia e legaliza o desmate, e sustentam que a proposta atende aos interesses da bancada ruralista e do setor dos biocombustíveis.
Os deputados da comissão, no entanto, negam qualquer pressão para aprovar a matéria e dizem que na realidade estão amarrando o desmatamento, uma vez que, mesmo que ocorra a ampliação das áreas já devastadas para exploração destinadas à agricultura ou à pecuária, não pode haver novas agressões. O relator do projeto, deputado Jorge Khoury (DEM-BA), rechaça a idéia de que as mudanças estimulam o desmatamento. Khoury argumenta que um dos objetivos é incentivar os proprietários de terra a recuperarem suas reservas legais mediante uma alternativa financeira.
O deputado afirma que a medida que permite a plantação de espécie exóticas tem a aprovação da Embrapa.
– Temos argumentos técnicos de que muitas espécies exóticas surgem de nativas e, portanto, não causam nenhuma agressão ao meio ambiente local – destaca Khoury.
Outro ponto polêmico em discussão, mas que ainda não é consenso, estabelece uma definição mais branda para as áreas de proteção permanente (APPs). Pela proposta, somente áreas de mata atlântica acima de 850 metros de altitude seriam consideradas APPs. Valdir Colatto explicou que foi contra a aprovação do projeto do novo código por causa da definição legal sobre a Mata Atlântica, segundo a qual áreas com altitude acima de 850 metros devem ser de proteção permanente (APPs). Alguns parlamentares argumentam que a proposta descaracterizaria alguns territórios.
– Com este novo critério para a regulamentação da Mata Atlântica, pretende-se fazer um ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente, dizendo que campos altos, que devem ser destinados às APPs, são aqueles com até 850 metros. Santa Catarina perderia 32% do seu território, se isso acontecesse – afirma o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).
Sem força
O relator acredita que esta sugestão não ganha força para ser aprovada, mas diz que ainda analisa as indicações dos deputados favoráveis.
– Estamos trabalhando com cautela. A sociedade pode ficar tranqüila que não haverá prejuízos para algum para o nosso meio ambiente. Estamos tentando controlar uma situação que não tem como ficar pior – afirma Khoury.


Jornal do Brasil Alívio em Belford Roxo, problema na Barra da Tijuca
Atendimento no Hospital da Aeronáutica cresce com transferência de tenda
Felipe Sil

A transferência de uma tenda de hidratação no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, para Belford Roxo, na Baixada Fluminense, significou um alívio para a população da Baixada Fluminense. Porém, ao mesmo tempo fez com que o número de pacientes com sintomas de dengue no Hospital de Campanha da Aeronáutica, na Barra, aumentasse em 50%. Enquanto no sábado o local recebeu 258 pessoas, ontem o estabelecimento improvisado das Forças Armadas quase teve a sua capacidade, que é de 400 pessoas, atingida.
Com isso, o prazo final para o término das operações – 31 de maio – pode ser estendido. A expectativa da Aeronáutica era de que o número de pacientes diminuísse a tal ponto que o hospital pudesse ser fechado até antes do final do próximo mês.
O segurança Fábio Zeferino da Silva, de 29 anos e morador do Pechincha, em Jacarepaguá, estava com dores no corpo e nos olhos, mas não pôde ir no local em que sempre era atendido.
– Eu já tinha ido para a tenda de hidratação no Retiro dos Artistas algumas vezes e ali era diagnosticado. Como decidiram terminar com aquilo, agora vim para o hospital porque disseram que o trabalho é muito bom – diz.
Queda interrompida
O aumento do atendimento no Hospital de Campanha da Aeronáutica interrompe a série de duas semanas seguidas de queda nos números de pacientes com sintomas de dengue no local. Nos primeiros dias de operação, o limite da capacidade do estabelecimento era atingido por volta de 12h. Ontem, nesse horário, o hospital só havia atendido 90 pacientes.
No início do mês, 60% das pessoas por dia, em média, eram diagnosticadas com dengue. No no fim de semana, apenas 28% dos pacientes estavam realmente com a doença. A grande maioria, segundo os médicos, portava algum tipo de virose.
– O número de pessoas que procuram os postos de triagem diminuiu consideravelmente desde o início das nossas operações aqui na Barra. Só que agora muitos que iriam para a tenda de hidratação de Jacarepaguá estão vindo para cá. Esse movimento, portanto, deve voltar a aumentar um pouco nos próximos dias – revela a tenente Fany Veiga, responsável pelos postos de triagem.
O atendimento, segundo os pacientes, não foi afetado pelo maior número de pessoas com sintomas de dengue no hospital.
– Meu filho está sendo muito bem tratado. Há três dias que ele está com febre, diarréia e manchas na pele – conta a vendedora Deise Oliveira dos Santos, de 18 anos e mãe de Caio dos Santos, de apenas 11 meses.
Um detalhe curioso revelado pelas Forças Armadas é que o Hospital de Campanha da Aeronáutica já atendeu mais de 7 mil pessoas, o que corresponderia a mais de 10% dos atendimentos de dengue em todo o Estado do Rio de Janeiro.


Jornal do Brasil Analistas militares ou marionetes do Pentágono?
Dossiê revela: governo tem manipulado cobertura jornalística americana
David Barstow
The New York Times

No verão de 2005, o governo Bush enfrentou uma vigorosa onda de críticas sobre a polêmica prisão de Guantánamo. Em meio a novas denúncias de abusos contra os direitos humanos, especialistas eram convocados a ensaiar o fechamento do centro de detenção. Os peritos em comunicação do governo responderam rapidamente às críticas: logo colocaram um grupo de militares reformados em um jato, que voou para Cuba em um passeio cuidadosamente orquestrado.
Para o público, esses homens são membros de uma fraternidade familiar, presentes milhares de vezes na TV e no rádio como "analistas militares", com experiência o bastante para dar sua opinião sobre os mais importantes assuntos da nação.
No entanto, escondido por trás dessa aparente objetividade, há um verdadeiro aparelho manipulador de informações do Pentágono. Em outras palavras: esses analistas são usados em prol de uma cobertura jornalística favorável à performance da administração Bush nesses tempos de guerra, aponta um dossiê preparado pelo New Tork Times. O material revela 8 mil páginas de mensagens eletrônicas, transcrições e gravações que descrevem anos de reuniões secretas, viagens ao Iraque e ao Gantánamo, e um extenso relatório esmiuçando os pontos da operação do Pentágono.
Esses registros mostram uma relação simbiótica, onde a habitual linha divisória entre governo e jornalismo foi apagada. Documentos internos do Pentágono muitas vezes se referem aos analistas militares como "multiplicadores da mensagem da Força" e "representantes", incubidos de propagar o discurso do governo para milhões de americanos, "na forma de suas próprias opiniões".
O esforço, que começou durante a Guerra do Iraque e que continua nos dias atuais, tem tentado explorar lealdades ideológicas e militares, e também uma poderosa dinâmica financeira: a maioria dos analistas têm vínculos com as empresas do ramo militar, às quais muito interessam as diretrizes de guerra.
Ao todo, são cerca de 150 militares contratados, seja como lobistas, executivos ou consultores. As empresas envolvidas abrangem pesos pesados da defesa, mas também pequenas companhias, todas parte de um vasto conjunto que arrecada centenas de bilhões de dólares nos negócios militares gerados pela administração da guerra e do terror. Trata-se de uma competição furiosa, na qual uma informação privilegiada é altamente valorizada.
Cavalo de Tróia
Gravações e entrevistas mostram como a administração Bush tem usado o seu controle sobre a informação em um esforço para transformar os analistas em uma espécie de "mídia Cavalo de Tróia" – um instrumento destinado a plantar o terrorismo na cobertura de redes de rádio e TV.
Analistas têm participado de centenas de sessões privadas com altos dirigentes militares, incluindo oficiais com significativa influência sobre contratações e questões orçamentárias, revelam as gravações. Eles também participaram de visitas ao Iraque e tiveram acesso a informações secretas.
Vários analistas negaram veementemente que tenham sido cooptados ou que interesses comerciais tenham influenciado seus comentários na mídia. Alguns, inclusive, alegaram que têm usado seu espaço na imprensa para criticar a condução da guerra. Outros, no entanto, expressaram remorso por participar disso que consideram "um esforço para ludibriar o povo com uma propaganda disfarçada de análise militar independente".
Enquanto isso, o Pentágono justifica seu envolvimento com os analistas militares afirmando que foram fornecidas somente informações factuais sobre a guerra.
– Nossa intenção é apenas informar o povo americano – afirmou o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman.


O Estado de São Paulo Lula e ONU querem conferência de emergência
Jamil Chade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ONU chegaram ontem a um acordo para a realização de uma conferência de emergência para discutir a situação no Haiti. Durante visita de Lula a Gana, o presidente brasileiro conversou durante uma hora com o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. “Pedimos ao Brasil que continue comprometido no Haiti”, afirmou Ban. Ainda não há data nem local escolhidos para a conferência. A crise de alimentos levou a violentos protestos nas ruas da capital haitiana, Porto Príncipe, há algumas semanas. Em meio ao clima tenso no país, o Brasil teme que seus soldados sejam obrigados a reprimir a população do Haiti, o que poderia prejudicar a imagem da missão brasileira.

No comments:

Google